Monday 25 October 2010

Guia de Anti-ajuda

EDUCANDO PELA MÚSICA

Segunda-feira. De novo. A semana começa e volta a rotina. Esperar o maldito ônibus, superlotado e que cobra mais do que deveria. Rezar para que alguns de seus companheiros de transporte fiquem seriamente doentes, para sobrar um lugarzinho para sentar ou simplesmente apenas porque eles não têm noção de que banho se toma com água e não com desodorante – ou aquele perfume barato que não é igual ao seu. Mais um dia numa sala de aula com gente insuportável, ou num trabalho que não lhe paga o que merece. É óbvio que alguém tem de sofrer junto com você, já que suas preces de nada adiantaram e esse povo insiste em pegar ônibus até com gripe suína. O que fazer? Primeira dica: guarde o fone de ouvido e force todo mundo a escutar as músicas que você quer.

Alguns olham de canto, outros fazem cara feia (muitos nem precisam fazer tanto esforço). Eles parecem realmente não gostar. Doidos para pedir-lhe que diminua o volume, eles se seguram por educação ou por medo. Não importa que o chamem de anti-social, você sabe que estão errados porque esse título só pertence à gente feia e a quem não sabe se divertir. Pior seria tocar aquelas músicas de elevador. Música clássica dá depressão. Você está prestando um serviço comunitário, isso sim! Trazendo alegria em forma de funk carioca, arrocha, pagode e sabe-se lá mais o quê! Aí vem logo à memória o comentário de alguém sobre uma matéria no The New York Times (nem procure saber o que é isto, é importante porque está em itálico e em inglês) sobre os benefícios desses estilos e outros poucos mais que você curte.

Tantos minutos no trânsito infernal, você com medo de mexerem na sua mochila ou de ser molestado sexualmente e ainda aquela criança remelenta chorando no colo da mãe, sentada onde você poderia (deveria) estar. Há duas saídas: elevar o volume ao máximo para abafar o choro, ou reclamar com a mãe que a zoada da criança não está deixando ninguém escutar sua música. O volume vai ao máximo porque a mãe tem cara de quem faz barraco.

Agora digamos que você tenha dado sorte e esteja sentado, mas está muito abafado no ônibus e aquele povinho da colônia barata está bem perto. O que fazer? Volume no máximo, inicie a batucada. Daí para incentivar os outros a cantar junto, é um pulo. Isso é melhor que karaokê. Se você for do tipo macho, acuse os que não gostam, ou se afastam da música, de serem gays. Afinal, eles rebolam quando andam e você apenas quando dança. Se você é do tipo dama e quer manter alguma classe, apenas puxe um papo com o cobrador falando que aquilo é o verdadeiro significado de baianidade e quem não gostar pode sair daqui.

Bem, seus companheiros de viagem são parte da sociedade e muitos usam o máximo de quietude que conseguem achar, no chacoalhar do ônibus rangendo, para refletir um pouco e não se estressarem tanto. Nesse momento, é até lógico pensar que, se você toma atitudes que podem irritar os outros ocupantes daquele espaço, então pode ser chamado de anti-social.

Segundo o minidicionário Sacconi (1996), por exemplo, anti-social se define assim: “1. Que ou quem é hostil às leis e instituições sociais ou a qualquer comunidade organizada. 2. Que ou quem não gosta do convívio social. 3. Que ou quem é desrespeitoso(a) e indelicado(a) com os outros; grosseiro(a); rude”.

Nada tema, porque isso não dá cadeia – melhor ainda, não dá multa. E você talvez nem precise mudar. Se eles não apreciam o seu gosto ou a sua alegria, então provavelmente, ou melhor, certamente o problema está neles. Querem chamá-lo(a) de anti-social? Ora, que chamem! Eles é que são anti-sociais, querendo que você mude. Isso só pode ser inveja. Pois saiba, caluniado(a), que eu lhe escrevo dando dicas de como se comportar diante dos seus opressores mal-educados. Lembre-se sempre: “O maior prazer de todos é sempre o seu, porque você nunca poderá sentir o prazer do outro”.
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Enquanto você se diverte


Como vou tratar, neste artigo, do perigo do uso e propagação de um recente chavão em ano eleitoral, permita-me iniciá-lo com um conselho e outro clichê: se você for um otimista compulsivo e crédulo – quase a alma de qualquer personagem da Disney, com exceção dos que morrem no penhasco – aconselho abandonar este artigo, mas “se conselho fosse bom não se dava, se vendia”. Eu gostaria de vender vários para ganhar dinheiro e buscar a felicidade plena (ou quase) pela qualidade de vida, ao invés de virar um conformista como todo baiano que teima em repetir a frase “A gente se f*** mas se diverte”.

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