Wednesday, 26 August 2009

Ele


Demasiadamente difícil aprender a lidar com ele. Uma pessoa cujos aspectos vão desde um bonsai a um pássaro do porto. Poderia ter feito comparações bem melhores que esta, especialmente já que falo do único ser até agora que me fez pensar num relacionamento a dois, ou imaginar como poderia ser, ou ter sido, o amor em circunstâncias de maior maturidade. Mas no fim deste texto ficará claro por que melhores comparações são dispensáveis (para ele).

Acontece que ele é como um bonsai, pois a cada conversa com ele, há de se aparar certas sentenças e cortar assuntos inteiros, para que ele não se sinta em desconforto com o passar dos dias. Se eu insisto em certas coisas, ele induzirá a si mesmo a definhar-se, deixando-me o resto da noite e do dia seguinte a imaginar se morreu para sempre ou se há algum jeito de regar-lhe vida novamente.

Assim como um pássaro de porto, ele sabe os momentos estratégicos de pedir a mínima forma de afeto ao turista (eu) que o encara. Se o observo, fica numa tenaz indiferença. E me olha de volta como todo pássaro faz, sinalizando "Você nunca vai saber até que ponto pode se aproximar, pois decolo sem aviso. Enquanto eu tenho asas e vôo, você só tem suas mãos, e o melhor que pode fazer com elas é escrever".

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