Tenho acompanhado o debate sobre a obrigatoriedade do diploma para o curso de Comunicação Social com Jornalismo, com a freqüência que meus estudos permitem. Tenho escutado diversas opiniões sobre o assunto e as respeito desde que tenham uma certa coerência. Contudo, devo dizer que o que foi dito pelo diretor executivo da Associação Nacional dos Jornais, Ricardo Pereira, não tem tanta coerência assim, em minha humilde opinião, visto que ele havia comparado a expressão artística com a transmissão da informação.
Comunicação não é um manifesto artístico; não é Arte, tecnicamente falando, pois não é algo inerente à alma de cada indivíduo (se o fosse não haveria eremitas, autistas, monges, anti-sociais, etc); é tráfego direto de informação. Óbvio que dirão que a Arte também transmite informação, etc, mas analisemos aqui a Comunicação em sua forma técnica, com todos os conceitos e estudos acadêmicos que separam essas duas áreas, para que não entremos em relativismos estúpidos como dizer que até impressões de diarréia em roupa íntima também podem ser Arte.
Se for o caso de dizer que a obrigatoriedade do diploma para o curso de Jornalismo fere o direito constitucional de exercer a (às vezes utópica) liberdade de expressão, então tiremos também a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão médica. Onde estaria meu direito enquanto cidadão de expressar minha vontade filantrópica de curar meus conterrâneos? Na Grécia Antiga não se tinha diploma para ser médico, nas tribos indígenas (de outrora e de hoje em dia) um pajé não presta vestibular nas universidades federais e ainda assim pode salvar centenas de vidas em sua tribo durante gerações.
Certamente dirão que minha comparação também não tem muita coerência, porém sei que isso se deveria ao fato de a sociedade ter duas áreas como sobre-humanas: a Saúde e a Justiça. Nenhuma comparação deve ser feita com elas. Mas então quero minha pergunta respondida. Eu assisto Grey's Anatomy de vez em quando (uma série de TV sobre a vida de um grupo de médicos em Seattle, nos Estados Unidos) e logo após cada episódio me vem uma inspiração, eu acho bonito quando uma pessoa consegue remover um tumor maligno do cérebro de outra, por exemplo. Eis que nesses cinco minutos após assistir ao programa eu me pergunto se eu seria capaz de fazê-lo também. E se eu quisesse expressar essa minha inspiração e estudar, por conta própria e indefinidamente, a Medicina e exercer a profissão? Por que eu não poderia? Onde estaria a minha liberdade de expressão?
"Ah, mas na Medicina você lida com vidas!", dirão os cegos humanistas que têm medo de analogias, metáforas e comparações (como aqueles que assassinam debates com "É tudo uma questão de gosto", "Gosto não se discute" e "Tudo na vida é relativo"). Pois bem, mas saibam que toda organização, assim como qualquer indivíduo, pode precisar de uma assessoria de comunicação. Quando há um acidente ambiental envolvendo a Petrobras, quem é o responsável por comunicar à sociedade, responder questionamentos e administrar a imagem de uma organização daquele porte? Um médico? Um vendedor de cachorro quente? Não, muito provavelmente um jornalista formado, ou alguém da área de Comunicação. A mídia é o quarto poder, como dizem, e a importância do gerenciamento da imagem de empresas e indivíduos, a qualidade da informação transmitida em qualquer meio, pode sim salvar vidas ou dar sentença favorável ou não a alguém. Se os Nardoni forem provados inocentes, os cidadãos comuns os perdoariam tão facilmente, depois de todo o circo e demonização pelo qual eles passaram por parte da cobertura da mídia sensacionalista?
Uma caridade é esquecida facilmente pelo grande público, mas escândalos são inscritos diretamente na "Bíblia Social".
Com a sede da sociedade por poder e pelos 15 segundos de fama, a sentença desse debate já parece declarada. Muitos serão contra a obrigatoriedade do diploma em Jornalismo para que eles mesmos possam ser jornalistas por predestinação. Quem sabe assim não aumentarão suas chances de entrarem no Big Brother Brasil? Os programas popularescos ditos "jornalísticos" (aqueles mesmos das musiquinhas de fundo macabras e apelo ao choro fácil) já ganham força por seu freak show, um show de bizarrices e exploração de tragédias que assolam a parcela mais carente da população. E isso com diploma obrigatório.
Por outro lado, a sensação de dinheiro perdido de muitos "freqüentadores de universidades" (aqueles que só fazem parte do corpo discente pois o nome é a única coisa presente nas salas de aula) os afastará do curso, fazendo assim com que as aulas fluam melhor, sem relincho e interrupções desnecessárias. Os alunos de verdade ficarão. Os que querem aprender. Isso poderia ter um efeito imediato, não teria mais de esperar que cada semestre passe para servir de peneira.
Qualquer que seja o resultado, decidi que posso sair ganhando. Com a obrigatoriedade do diploma, poderei exercitar a profissão com segurança, sem medo de que algum(a) gostosinho(a), sobrinho(a) de algum dono de qualquer empresa de comunicação, possa tomar minha vaga com maior liberdade. Sem a obrigatoriedade do diploma, poderei estudar ainda mais, usufruindo das aulas, e futuramente tornar-me um professor universitário, podendo assim continuar com a vida acadêmica.
Comunicação não é um manifesto artístico; não é Arte, tecnicamente falando, pois não é algo inerente à alma de cada indivíduo (se o fosse não haveria eremitas, autistas, monges, anti-sociais, etc); é tráfego direto de informação. Óbvio que dirão que a Arte também transmite informação, etc, mas analisemos aqui a Comunicação em sua forma técnica, com todos os conceitos e estudos acadêmicos que separam essas duas áreas, para que não entremos em relativismos estúpidos como dizer que até impressões de diarréia em roupa íntima também podem ser Arte.
Se for o caso de dizer que a obrigatoriedade do diploma para o curso de Jornalismo fere o direito constitucional de exercer a (às vezes utópica) liberdade de expressão, então tiremos também a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão médica. Onde estaria meu direito enquanto cidadão de expressar minha vontade filantrópica de curar meus conterrâneos? Na Grécia Antiga não se tinha diploma para ser médico, nas tribos indígenas (de outrora e de hoje em dia) um pajé não presta vestibular nas universidades federais e ainda assim pode salvar centenas de vidas em sua tribo durante gerações.
Certamente dirão que minha comparação também não tem muita coerência, porém sei que isso se deveria ao fato de a sociedade ter duas áreas como sobre-humanas: a Saúde e a Justiça. Nenhuma comparação deve ser feita com elas. Mas então quero minha pergunta respondida. Eu assisto Grey's Anatomy de vez em quando (uma série de TV sobre a vida de um grupo de médicos em Seattle, nos Estados Unidos) e logo após cada episódio me vem uma inspiração, eu acho bonito quando uma pessoa consegue remover um tumor maligno do cérebro de outra, por exemplo. Eis que nesses cinco minutos após assistir ao programa eu me pergunto se eu seria capaz de fazê-lo também. E se eu quisesse expressar essa minha inspiração e estudar, por conta própria e indefinidamente, a Medicina e exercer a profissão? Por que eu não poderia? Onde estaria a minha liberdade de expressão?
"Ah, mas na Medicina você lida com vidas!", dirão os cegos humanistas que têm medo de analogias, metáforas e comparações (como aqueles que assassinam debates com "É tudo uma questão de gosto", "Gosto não se discute" e "Tudo na vida é relativo"). Pois bem, mas saibam que toda organização, assim como qualquer indivíduo, pode precisar de uma assessoria de comunicação. Quando há um acidente ambiental envolvendo a Petrobras, quem é o responsável por comunicar à sociedade, responder questionamentos e administrar a imagem de uma organização daquele porte? Um médico? Um vendedor de cachorro quente? Não, muito provavelmente um jornalista formado, ou alguém da área de Comunicação. A mídia é o quarto poder, como dizem, e a importância do gerenciamento da imagem de empresas e indivíduos, a qualidade da informação transmitida em qualquer meio, pode sim salvar vidas ou dar sentença favorável ou não a alguém. Se os Nardoni forem provados inocentes, os cidadãos comuns os perdoariam tão facilmente, depois de todo o circo e demonização pelo qual eles passaram por parte da cobertura da mídia sensacionalista?
Uma caridade é esquecida facilmente pelo grande público, mas escândalos são inscritos diretamente na "Bíblia Social".
Com a sede da sociedade por poder e pelos 15 segundos de fama, a sentença desse debate já parece declarada. Muitos serão contra a obrigatoriedade do diploma em Jornalismo para que eles mesmos possam ser jornalistas por predestinação. Quem sabe assim não aumentarão suas chances de entrarem no Big Brother Brasil? Os programas popularescos ditos "jornalísticos" (aqueles mesmos das musiquinhas de fundo macabras e apelo ao choro fácil) já ganham força por seu freak show, um show de bizarrices e exploração de tragédias que assolam a parcela mais carente da população. E isso com diploma obrigatório.
Por outro lado, a sensação de dinheiro perdido de muitos "freqüentadores de universidades" (aqueles que só fazem parte do corpo discente pois o nome é a única coisa presente nas salas de aula) os afastará do curso, fazendo assim com que as aulas fluam melhor, sem relincho e interrupções desnecessárias. Os alunos de verdade ficarão. Os que querem aprender. Isso poderia ter um efeito imediato, não teria mais de esperar que cada semestre passe para servir de peneira.
Qualquer que seja o resultado, decidi que posso sair ganhando. Com a obrigatoriedade do diploma, poderei exercitar a profissão com segurança, sem medo de que algum(a) gostosinho(a), sobrinho(a) de algum dono de qualquer empresa de comunicação, possa tomar minha vaga com maior liberdade. Sem a obrigatoriedade do diploma, poderei estudar ainda mais, usufruindo das aulas, e futuramente tornar-me um professor universitário, podendo assim continuar com a vida acadêmica.
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