Dois dias atrás foi emitida, pela CBF, uma IMT (Informação de Modificação de Tabela) notificando uma alteração de estádios para o Jogo 273 da Série A do Brasileirão. O Bahia agora enfrentará o Botafogo fora de casa, no Rio de Janeiro, exceto que ao invés de ser no Estádio João Havelange (o Engenhão), será no Estádio São Januário, no sábado (08/10) às 18h.
Não se trata de uma tentativa do Ronaldo de expandir-se mais (em termos de carreira), antes que perguntem. Sim, Justin Bieber usará o local em sua turnê. Segundo uma coluna do Estadão, jogadores do Corinthians, do Flamengo e do Fluminense queixaram-se sobre o evento, mas não necessariamente por causa da música. Não se sabe se algum deles tem a Bieber Fever (traduzindo, a “Febre do Bieber”), ou quantos seriam no total, mas eles entendem é de gramado e acham que este poderia sair na pior.
Pois é, por um lado é Justin Bieber 1x0 Jogadores (e os do Bahia também, caso voltem a jogar lá em breve e o campo ainda amargar as consequências do show do astro teen). Por outro, o torcedor tricolor não tem com o que se preocupar.
De fato, é possível que algum deles tenha sabido que a mencionada troca de locais poderia acontecer e, com todo espírito esportivo, tenha feito algum trabalhinho em encruzilhadas para ficar quite com essa “sensação canadense”. Isso porque, como noticiava o Jornal do Brasil há uns três dias, “Estão empacadas as vendas para o segundo show” lá.
Ainda não se sabe ao certo por que isso aconteceu. As vozes esganiçadas de menininhas, de quase todas as idades, fizeram de refém milhares de tímpanos de pais que, indefesos, acabaram dando a elas (e alguns eles, diga-se de passagem) os R$230 para curtir na pista ou até os R$490 para a Pista Premium.
Pouco provável que tenha sido o preço, afinal é o mesmo do dia anterior, e as entradas esgotaram-se rapidamente. Mas, pensando bem, talvez todo esse gasto para ver esse mega show possa explicar os ingressos encalhados para os de João Gilberto, em sua turnê que passa por São Paulo, Porto Alegre, Brasília e, claro, pela capital fluminense.
Para assistir a João Gilberto cantar com seu banquinho e violão – ou seja, nada de apresentação à la Cirque du Soleil –, no mínimo você pagaria uma Pista Premium do canadense (com a adição de R$10). Para quem quiser saber o valor máximo: R$1.400,00.
Inúmeros fans reclamaram internet afora, achando um excesso do juazeirense, gente como a gente, baiano, deixar que fosse cobrado tudo isso pelo seu aniversário de 80 anos. Uma idade que traz cabelos prateados pelas experiências, as quais valem seu peso em ouro. No caso dele, ícone da Bossa Nova, elas devem ser muito mais preciosas. Mas quem poderá se dar esse presente assim?
O que faz o torcedor do Bahêa diante disso? Vai aos cinemas, com seu humor peculiar e devoção, que hão de fazer com que nas outras sessões, as pessoas se entreolhem, sorriam com certa simpatia e digam “Ouça, pelos gritos de alegria, parece até que eles estão ocupando todas as outras salas”.
Ele faz o que mostra o documentário “Bahêa Minha Vida”, da Paris Filmes, sobre um time que também fez oito décadas de vida e, seja como for, sempre representou muito bem a Bahia, no futebol. Foi Campeão Brasileiro pela primeira vez em 1959 e de novo em 1988 e duas estrelas sobre o escudo para provar. São 102 minutos de uma produção baiana, em que aparecem famosos e não-famosos, falando desse Amor, roxo do azul com o vermelho e branco na paz dos torcedores conscientes e civilizados – o bom torcedor.
Uma programação cultural mais apaixonante e viável, mesmo se fosse em 3D e pagando a inteira. Só resta saber quantas estrelas o público e a crítica darão ao filme.
Foto: A Tarde (reprodução)